Babel
Deixa-me respirar-te
Enquanto a vida é vida,
Enquanto estou acordada para ti.
O sol nasce:
Papoilas, girassóis, borboletas
Em câmara lenta ganham cores
E batem asas, e batem pétalas,
Voam para além dos nossos sonhos.
O coração começa a bater
À medida que me dou
E na entrega sou o espelho de ti.
Sempre te imaginaste a amar como eu,
Sempre te viste a sentir
Como se o tempo batesse no zero
E tudo estivesse a acabar
E
Tudo
Estivesse a acabar
E tudo,
Tudo estivesse a começar.
Deixa-me respirar-te
Enquanto a vida somos nós,
Enquanto estou acordada para sermos.
Escorre uma lágrima
E junta-se às pétalas de água
Feitas de Céu
Que caem sobre a terra que pisamos.
Não houve um dia em que não pensasse em ti.
Vejo o ramo a dançar à melodia do amor que nos enfeitiça.
A brisa leva-me até aos teus lábios.
Fecha os olhos.
A seta já nos trespassou o coração
Dentro do espaço
Dentro do Tempo...
A seta afiada do Amor...
Mas não mais o peito sangra.
Deixa-me respirar contigo
Pois se não for contigo... não mais,
Não mais!
Estou dentro de ti
Enquanto o teu coração bater ao compasso do Amor, na Humanidade.
Ventania.
Enlouquece.
Não esqueças, porém, a virtude de amar,
Como o rio foge para o mar
Como a abelha dá o mel
E como o meu coração é Babel
De emoções por ti.
in Velejar por dentro dos Sonhos